sábado, 3 de setembro de 2011

14 Bis em Tres Pontas MG

Num sábado pela manhã, estava no meu quarto a ler um livro, quando dois velhos amigos aparecem e me convidam para ir para Três Pontas. Haveria um show do 14 Bis. Foi algo de supetão. Nada programado. Aventura mesmo. Na base do dedão. Foi a conta de almoçar e partir para a estrada. Naquela época não era tão perigoso quanto hoje pegar carona. Era relativamente fácil. Fomos eu, o saudoso Zecão (que nos deixou precocemente em um acidente automobilístico anos depois), o Béba, o André e o meu primo Gideone. Conseguimos carona até o Delta, restaurante que ficava na Fernão Dias, trevo com a Rodovia Vital Brazil. Alí a coisa foi ficando mais difícil pelo fato de sermos em 5, sendo um mais "volumoso", o Béba. Resolvemos nos dividir. O André viu um caminhoneiro conhecido parar no Delta. Conseguiu que levasse três. Ele, o Beba e o Gideone. Eu e o Zecão ficamos para trás. Logo passou um carro de Varginha e nos deu carona. O cara estava vindo do Rock'in Rio (primeira edição!). Nos deixou perto de sua casa lá na Terra do ET, local próximo à saída para Três Pontas. 

A esta altura não sabíamos por onde andavam nossos companheiros. Lembrando que naquela época nem sonhávamos com celulares. Ficamos próximos a um posto de gasolina. A tarde estava terminando e nada. Muitos carros passavam, mas todos cheios. O 14 Bis era uma banda bastante concorrida. Já tinha assistido há uns 3 shows dos caras: Santa Rita do Sapucaí, Varginha e lá mesmo em Três Pontas. Só que tinha ido de Kombi alugada com outros amigos. Estava escurecendo, o estomago estava nas costas , sentindo muito frio, ventando pra caralho e nada de carona ou ônibus. Já estávamos ficando deprimidos. Iríamos perder o show. Vi uma caminhonete abastecendo. Estava com a cabine lotada de jovens indo para Três Pontas. Falei com os caras e expus nosso drama. O motorista disse que se nós estivéssemos dispostos a encarar o frio na carroceria ele nos levava. Não pensamos duas vezes e pulamos na caminhonete. Já tinha um cara todo encolhido lá. Na mesma situação que nós: caroneiro para Três Pontas.

Chegamos ao destino cagando de frio e fome. Procuramos logo um boteco. Algumas doses de conhaque foram suficientes para o corpo reagir. Um sanduba para encher o bucho. Perambulando pela cidade encontramos nossos companheiros que saíram na frente. Muita comemoração. Fomos para um barzinho calibrar para o show.


O show foi como sempre, maravilhoso. Os caras tocavam muito.Terminada a apresentação, tive uma ideia: conseguir autógrafo dos ídolos. Mas como chegar até eles? Os companheiros querendo ir embora e eu lá enrolando e bolando uma maneira de me aproximar. Percebi que os seguranças só deixavam passar algumas mulheres (bonitas). Notei que os caras da equipe de som usavam uma camiseta azul clara. Olhei para mim e não é que estava com uma desta cor? Criei coragem e dei um giro entre eles para confundir os seguranças. Fiquei sério e na maior cara de pau desci rapidinho as escadas onde estavam meus ídolos. Como usava um cabelo grande e com a camiseta azul clara, passei na maior facilidade. Segurava-me para não sair pulando de alegria por ter conseguido.

Peguei autógrafos do Flávio Venturini, do Hely Rodrigues, do Magrão e do Vermelho. Só não consegui o do Cláudio Venturini que estava cercado por uma multidão de garotas. Conversei com eles como se fossemos velhos amigos. Interessante como a "amizade" com ídolos da música atrai mulheres. Pensavam que eu fosse alguém do meio e pelo menos umas 3 gatinhas jogaram charminho. E não é que fui convidado cansativamente por uma para ir para o restaurante onde os músicos jantariam?

Mas como era muito tímido e não teria como levar os marmanjos companheiros de aventura, deixei para uma próxima.

Radiante, encontrei meus amigos. Estavam preocupados com meu sumiço. Será que tinha sido preso? Após contar o que tinha acontecido, virei o cara. Por muito tempo rendeu a história entre os amigos, no colégio, etc. Fomos para a casa de um parente do André dormir. Não tinha lugar e nos esparramamos pelos sofás e tapetes da sala. Tudo estava valendo.

No dia seguinte tomamos café numa padaria e pegamos o ônibus para casa. Conhecemos um cara gente fina de Carmo da Cachoeira que também tinha se aventurado como nós. Também fã do 14 Bis. Cheio das conversas, animadamente nos fez rir a viagem toda até Varginha. Nunca mais vimos o sujeito.

Lembrança maravilhosa de uma ingênua, mas inesquecível aventura que fica para sempre na memória.


Um comentário:

  1. Passamos por uma situação parecida, porém para um show do Zé Ramalho, em Machado.... eu, Ruti, Renilda... a grana curta nos forçou a economizar e tentar carona... ficamos algumas horas na estrada e a única coisa que tinhamos para comer era um pé de moleque que eu tinha feito para levar para minha ex- sogra (lembra que namorei um cara de lá???)... um sol de rachar, sem água... apenas um caminhão de carregar gado que levou a turma até certo ponto... (um carro com uns "boyzinhos" também parou, mas estavam com intenções duvidosas e ficamos com medo)... depois seguimos em uma kombi do baú da felicidade, cheia de vendedores de carnê... para resumir: não chegamos em tempo, o show já estava prá lá da metade, o meu ex já estava grudado com outra... o cabelo que tinha sido arrumado estava todo arruinado por causa do vento e ainda fedendo merda de vaca... foi hilário... até hoje quando nos reunimos lembramos do episódio....

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